sexta-feira, 20 de maio de 2016

11 coisas que só vai entender quem é de Acopiara!




Se você já ficou fazendo zoada na calçada da Detinha ou já ouviu falar no Baile do Boião, essa notícia lhe pertence.

 A seguir, 11 peculiaridades de Acopiara que você precisa saber:

                                      O texto a seguir é de autoria de Andreh Jonathas. 

1 – A Terra do Lavrador é um daqueles municípios sertanejos, pacatos, receptivos e também sofredores da falta d’água. A nossa gente – sim, sou mais de lá do que de Iguatu, onde nasci -, arranjou um jeito bonito de receber a chuva. A festa é sempre grande quando a barragem sangra. De tanta alegria, não há quem resista tomar banho na parede da barragem, mesmo com a forte correnteza. A raridade do evento é grande, muito grande. Em 33 anos de vida, tenho lembranças contadas em apenas uma das mãos.

2 – Começam com “a”, terminam com “a”, têm quase a mesma fonética e escrita. Mas não é Aracoiaba. É Acopiara. Não rara é confusão Ceará afora. Mas quando tinha forró na Quadra da Vó ou no Clube Social, ai-ai-ai do cantor que
trocasse o nome. “Sai daí, doido!” era talvez o que corresse na cabeça do público, trabalhado no gel no cabelo, melhor roupa e perfume.

3 – Quem recebe e se despede pessoalmente dos visitantes é a própria padroeira da cidade, a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Fica ali no topo do Arco da Santa, vendo tudo que passa, cupistas e caminhantes, casais moteleiros e viajantes, aventureiros e foliões carnavalescos. Está lá, como uma câmera de TV na Sapucaí. Tem gosto e desgosto, mas é cultuada na esperada Festa da Padroeira, onde vertentes políticas aproveitam a quermesse para disputar uma galinha caipira por módicos R$ 100 ou R$ 200.


4 – Se você está na casa dos 30 vai se lembrar que o Centro Social, ao lado da Curva da Morte, já se transformou em cinema. As exibições eram épicas. Titanic foi uma delas. Quando a produção hollywoodiana já saíra das salas de cinema das grandes cidades, havia chegado pra gente. Espaço lotado e quente, com acústica agoniante e uma gritaria a cada emoção. Não faltaram, claro, os gaiatos com gritinhos e piadinhas. Nada mais era que a ansiedade e secura na boca da emoção causada pelo cinema. Antes do cinema, arrodear a igreja matriz era o hábito. Meninas no sentido horário e meninos no sentido anti-horário. Tudo calculado para se cruzarem e paquerarem por trás da igreja.

5 – Em Acopiara, existe a cidade de São Paulo fora do estado de São Paulo. Na verdade, um distrito, carinhosamente chamado de São Paulinho ou gaiatamente batizado de São Paulo “dur mulambu”. É um simpático vilarejo dentro do município. Aliás, você não sabia, mas são de lá Cleópatra, Nabupolazar e Nabucodonosor. Também têm origem lá Sétura, Agarista, Gefon, Keren Apuk, Atália, Acsa, Resfa, Nédima e Selomite. São todos da família Feitosa. Mais de 100 pessoas receberam nomes de reis, rainhas e deuses. Duvida? Olha aí no blog http://saopaulinhoacopiara.blogspot.com.br. Só tem lá também a Corrida São Silvestrinho. Legal, não é?

6 – Acopiara é a Meca do Teatro no Interior. Lá surgiu o Festival de Teatro de Acopiara (Fetac), que já promoveu mais de vinte edições de muitos espetáculos e formação teatral.

7 – Avenida tem mais de uma. Mas, na verdade, só tem uma. É onde acontecem os encontros, os festejos, as bebências, os desafetos, as paqueras, os desfiles de carro, os paredões de som. De todos os cantos da cidade, sábado é dia de perguntar: “vai pra avenida”. Refere-se à Avenida Paulino Félix. Lá também tem um lugar único no mundo. A Calçada da Detinha, assim em nome próprio. Porque é um espaço amplo e estrategicamente localizado, com visão privilegiada pra quem está arrodeando do Polo de Lazer. Mas já foi palco de desavenças com a moradora da casa, que sofria com o barulho dos jovens na calçada.

8 – O açude conhecido como Boca de S é lendário. Se prestar bem atenção, nunca estava vazio, mesmo em tempos de seca de caminhão pipa. Mas ninguém tomava banho no local. A lenda urbana – ou realidade mesmo -, é que um hospital despejava seus dejetos no lugar. Será?



9 – O Baile do Boião já ganhou reconhecimento nacional. São dias em que dizer que é corno não faz vergonha. Grandes redes de TV já fizeram a cobertura da festa, que teve início quando o pai traiu o próprio filho, ficando com a namorada dele. Não é bem um orgulho local a história, mas pelo menos não é fama para o ano inteiro, como é, por exemplo para o Bairro José Walter, em Fortaleza.

10 – A integração multimídia já havia começado em Acopiara faz tempo. Isso em um evento que marcou gerações. Era o Tooooooque Daaaaaance. A festa começava, na verdade, dentro da programação de uma rádio no quadro “De quem pra quem”. Os moradores mandavam recadinhos para encontrar o par em um lugar antes de ir pra festa. “De um alguém na Vila Esperança para Cleide no bairro Moreiras. Cleide, te espero por trás da pracinha. Te quero!”, dizia-se. No evento, um DJ comandava a balada, com pedidos do público e mais recadinhos.

11 – Depois de cortar o cabelo no salão do França e Guena, passei na Praça da Matriz pra ouvir a seresta dos Irmãos Melodia, em frente onde morou o saudoso e eterno Padre Crisares, nas calçadas onde muito bebeu o onipresente Nó Cego e a coitada da Dezinha. Se está bem iluminado, foi o palhaço-eletricista-faz-tudo Batata. Ficou para o fim a melhor parte. Vou ali na rodoviária comer uma panelada e curtir o friozinho da madrugada do sertão, coisa que aposto que nenhuma cidade no mundo faz.

O texto acima foi escrito por Andreh Jonathas e foi publicado originalmente Aqui!

Andreh Jonathas
Andreh Jonathas é jornalista e especialista em marketing digital. Nasceu por acaso em Iguatu. Morou em Acopiara até os 16, quando desabou para a Capital na tentativa de dominar o mundo (ainda está é longe, mas não desiste). Para incrementar a alegria de viver, é podcaster do SerifaCast e enogastronófilo, um neologismo que criou para “arriado por vinho e comida”. Gosta de cachaça também. Gasta a maior parte do seu azilamento por contar histórias todos os dias na redação do Jornal O POVO, onde é repórter.
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