domingo, 17 de abril de 2016

O limite da internet é uma coisa boa?


Calma.

Segure um pouco sua sede de sangue e antes que você despeje em mim toda sua revolta porque não vai mais poder assistir à nova temporada de House of Cards no Netflix ou acompanhar sua blogueira favorita, digo que a resposta para a pergunta acima é a seguinte:

Depende.

Isso. Depende.

Depende basicamente de como as variáveis envolvidas nesse processo vão ser desenhadas e alteradas durante seu andamento.

AVISO
Esse texto é apenas uma reflexão sobre algumas dessas variáveis. De forma alguma ele se pretende a encerrar a discussão e nem chegar a qualquer conclusão definitiva.

Mas para entendermos um pouco melhor esse "Depende", vamos sair um pouco da discussão sobre a limitação da internet e vamos falar um pouco sobre outros modelos de negócios.


SUPERMERCADOS
Em todo produto que você compra, estão embutidos além do custo de fabricação, outros custos como marketing, impostos, logística de transporte e o custo da perda por furtos.
É neste último ponto que devemos atentar. 
Resumindo, você paga mais caro na sua cerveja porque aquele biscoito recheado saiu da loja no bolso de alguém sem ser registrado no caixa.

BANCOS
Em mecanismo semelhante, os bancos colocam um percentual médio de inadimplência no seu custo para fazer empréstimos.
Isso, você que paga suas contas em dia, poderia ter uma taxa no cheque especial mais baixa se o seu vizinho também fosse assíduo em quitar os boletos e faturas do cartão de crédito em dia.

EMPRESAS DE AVIAÇÃO
Você abriria mão do lanchinho ou do "direito" levar 23kg de bagagem se o preço da passagem em vôos de curta duração diminuísse consideravelmente?

Então:

Um dos argumentos utilizados pelas operadoras é o de que mudando a modalidade de cobrança, poderá diminuir os valores das contas, oferecendo pacotes personalizados para cada perfil de cliente. 

Ou seja:

Você, que checa seu email do bol uma vez por semana, não precisaria mais pagar um valor elevado por conta daquele guri que passa a semana jogando League of Legends ou daquele viciado em música que baixou a discografia do Frank Zappa em formato FLAC.

Em tese, eu falei EM TESE, a idéia até que poderia vingar.
Se não fosse por alguns detalhes:

CUSTO ATUAL
A internet brasileira já é muito cara. A segunda mais cara do mundo (Só perde pra Argentina).

De acordo com matéria no site da EXAME, "a média de preço no Brasil para contratar uma conexão de 1 MBPs é de US$ 25,06 por mês. No Japão, o mais bem colocado, a média de valor é de US$ 0,27."

Então a "equalização" dos preços dos pacotes neste caso teria que ser muito acima da média, o que é bem improvável que as operadoras façam, levando-se em conta que deveriam diminuir muito as margens de lucro, além de fazer massivo investimento em infra-estrutura.

INFRA-ESTRUTURA
Segunda matéria da VEJA, o brasil tem a nona menor média de velocidade na internet, ficando atrás de países como Vietnam, por exemplo.

Então, nada mais natural que antes de qualquer mudança na forma de cobrança que pode tornar a internet ainda mais cara, fosse exigido das operadoras um valor mínimo de investimento em infra-estrutura para pelo menos oferecer um serviço à altura do valor cobrado.

POUCOS PLAYERS (Provedores)
A reação óbvia (e mais do que justificável) dos consumidores que se sentirem injustiçados com a mudança na cobrança seria o de mudar de fornecedor, neste caso o provedor ou operadora de internet.

O problema é que o Brasil ainda tem um número muito reduzido de fornecedores neste segmento, deixando muitas vezes o consumidor sem opção e tendo que se sujeitar ao que a operadora implementar.


ENTÃO, SÓ RESTA LAMENTAR?

Obviamente que não.

Felizmente, mesmo com poucos players, o mercado é aberto e propicia a entrada de novos players, que podem oferecer um tipo de cobrança diferente, mais barato, ou pelo menos mais adequado ao seu perfil. 

Mesmo a concorrência entre os grandes players atuais pode levar à melhoria da infra-estrutura e à redução dos preços.

Claro que tudo vai depender de como os consumidores reagirem a cada medida que for tomada pelos fornecedores. Os usuários tem utilizado a hashtag #internetjusta  nas redes sociais para consolidar as insatisfações e demonstrar qual o modelo que eles acham ideal.

Do lado das operadoras, é justo pensar na saúde financeira da empresa para maximizar o lucro de seus acionistas. 

Resta saber como será feito esse equilíbrio, pois elas terão que escutar seus clientes para não perdê-los para a concorrência.

E A ANATEL?
Mais uma vez, calma! Farei um posto em breve sobre.

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E você, o que acha do assunto? 
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