sexta-feira, 22 de abril de 2016

O impeachment vai salvar o Brasil?


Alguns amigos me pediram para fazer um post falando sobre as minhas impressões sobre as votações do dia 17/04/16 na câmara dos deputados pela admissibilidade ou não da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef.


É um tema espinhoso e de antemão esclareço que não analisarei o mérito da acusação que está sendo imputado à presidente Dilma Roussef. Este seria um assunto mais técnico e se houver maiores interesses dos leitores eu posso voltar a ele, pois depende de um pouco mais de pesquisa e verificação de informações e dados, como cifras e datas. 

Vou me ater aqui às minhas impressões do jogo político que foi jogado no último domingo na arena do congresso.

A primeira coisa que me vem à mente e que com certeza vai ficar durante muito tempo na cabeça (tomara!) dos eleitores é um monte de deputados que aparentemente estavam ali naquele dia para fazer tudo, menos tomar uma decisão apropriada para o bem do país e de sua população.

Dentro dessa seara, vou me prender a dois pontos apenas (apesar de que poderíamos fazer posts e mais posts sobre o assunto, tamanho foi a variedade e criatividade de justificativas utilizadas para os votos).


"PARA MINHA FAMÍLIA E MEUS AMIGOS"

Foi assustadoramente grande o número de deputados que evocou a família e os amigos para justificar o voto. A certa altura não se parecia importante (ou talvez nunca tenha sido) se a presidente havia cometido ou não as pedaladas fiscais e se o próprio se configuraria em crime.

Além de vexatório e vergonha alheia, esse ato nos faz pensar como o complexo jogo político no final das contas é regido por uma mecânica extremamente simples.

Cada um defende o seu.

É isso. Pura e simplesmente. Ao trazer para uma decisão tão importante, que afeta a vida de milhões de brasileiros, o seu círculo mais próximo, o político tupiniquim mostra que todas as suas ações no dia a dia de Brasília não tem nenhum objetivo que não seja defender os seus entes mais próximos.

Isso tem algo de errado?

Desde que você tenha sido eleito só com os votos de seus parentes, não.
Afinal o congressista está ali com uma procuração para representar o interesse de quem o elegeu. É da democracia.


TODO MUNDO VIU

Eu sou um otimista incurável, o que me faz ganhar de alguns amigos a pecha de niilista, por sempre procurar analisar todos os lados de uma questão. (Embora em muitos casos, esse termo tenha um cunho pejorativo).

Sempre procuro identificar o ponto positivo, de evolução, de toda situação que me cerva. O que se salvou de toda aquele mar de besteirol, aquela demonstração tosca de egoísmo extremo que pudemos testemunhar no domingo?

Todo mundo viu.

Nunca vi a população brasileira acompanhar durante tanto um programa tão chato. 
Seja para torcer contra, a favor, ou simplesmente para fazer memes e criar aquele post caprichado no facebook, todo mundo assistiu. E viu do que é feito a nossa política.

A minha esperança é que finalmente tenha ocorrido o click. Que finalmente tenha caído a ficha no eleitorado (ou em parte dele) de que o voto é coisa séria. Política é coisa séria. É o seu futuro que está sendo decidido pelos nossos ilustres representantes. 

Posições sempre existirão a respeito de qualquer tema. 
O Extremismo sempre será exigirá vigilância. 
O que não pode ocorrer nunca, é a indiferença.

A democracia brasileira é extremamente jovem, perto dos 30 anos apenas. Ainda teremos muitas turbulências pela frente e assim é numa democracia. 

Sempre teremos o sentimento de que estamos sendo prejudicados de alguma forma pela mudança rápida de uma situação para outra que não nos agrada. Ou, do outro lado, pelo sentimento de paralisia e mesmice que nos dá a sensação de nunca sairmos do lugar.

O brasileiro ainda é órfão de uma solução mágica, de um herói, de um salvador da pátria, que apareça do dia pra noite e resolva todas as nossas mazelas, da fome ao excesso de impostos.

Deixa te contar um coisa: isso não existe. 

O que existe é uma evolução lenta, um processo extremamente vagaroso de maturidade da sociedade, em busca de seus direitos. E no meio disso, há embates. Claro, a sobrevivência ainda é o instinto mais forte e primitivo do ser humano.

O mais importante de tudo é manter a serenidade, analisar criticamente todos os fatos envolvidos (e nesses momentos tentar pôr de lado um pouquinho as paixões) e sempre tentar identificar o que pode haver de positivo ou de evolutivo em cada situação.

Respondendo à pergunta lá de cima (e me arriscando a ser niilista ou quem sabe apenas analítico):

Não, o impeachment não vai salvar o Brasil. 
Tampouco vai destruir a democracia no nosso país.

P.S (O texto findou meio que numa colcha de retalhos. Pode ser reflexo dos últimos dias...rs tentarei detalhar separadamente e mais concisamente cada idéia nos próximos posts)
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